Meses atrás, eu ouvi em um vídeo no Tiktok da Barbara Marcondes (amo os vídeos que ela faz que conscientizam na base do ódio sobre amor-próprio) a seguinte frase: “Sentimento a gente não controla, mas nossas ações sim”. Isso me abriu um caminho novo na mente, daqueles que ainda estava com pequenas graminhas a serem capinadas e não havia sido desbravado. Terreno ainda a explorar. Sempre fui das meninas que se deixa levar pelo coração, que ouve as emoções e as deixa guiar nas decisões.
Para mim, essa era a maneira certa de enxergar a vida e de ser fiel a mim mesma. Porém, em algum momento dos últimos anos, isso mudou. Eu descobri que certos sentimentos dentro da gente não possuem racionalidade (e, se você parar para pensar aí dentro, sabe que concorda comigo). Descobri que alguns sentimentos são guiados ou camuflados por outros. Às vezes você pensa que ama alguém, mas é somente apego.
Há as situações ainda mais difíceis, nas quais o racional precisa prevalecer sobre o emocional (e essa é a parte mais desafiadora). Os momentos que precisamos acionar a válvula de segurança, assim como Barbara fala no vídeo dela. Às vezes, nos apaixonamos por alguém que sabemos não ser a escolha certa. “Mas Natália, então por que nos apaixonamos?”. Acho, genuinamente, que existem coisas na vida que não possuem resposta.
Nessas ocasiões, descobrimos uma força dentro de nós que nem imaginávamos. Nesses momentos, preciso me despreder da Natália mais nova, a que ainda mora aqui dentro, mas que não controla tudo em mim. Corto os barbantes que nos unem, de forma delicada, que haja como amarrar novamente depois.
Ainda acho que devemos sim nos deixar guiar pelo que faz nosso coração bater mais forte e pelas coisas que nos provocam frio na barriga. Mas também sei que nem tudo o que nos provoca emoção, provoca benefício. O que nos faz sentir borboletas no estômago às vezes também nos faz chorar. Quem nos faz ruborizar em uma noite especial pode ser a mesma pessoa que despedaça nosso coração em mil pedaços.
Esse não é um texto sobre conclusões, mas sobre perspectivas. A minha, coloco aqui com carinho. Digo isso, pois não acho que haja um ponto final ou lado correto nesse assunto. Muito menos acho que tenha uma maneira engessada a se agir em qualquer situação. Cada ocasião é única, mas uma coisa é certa: assim como sentimos paixão por alguém ou algo, também sentimos quando não é para nós.
E, te digo, essa é a voz correta a se ouvir. Acho que a opinião que merece atenção é a de quem vive dentro de você, o que ela quer para o futuro. Hoje, indico sempre que posso a todos que amo: já conversou consigo mesmo sobre isso? Você sabe o que sente sobre essa pessoa ou situação, mas e o seu eu de dentro? Esse diálogo interno é essencial. Ele nos ajuda a distinguir entre o que nos empolga e o que nos faz bem de verdade.
Sei que negar o que nos faz transbordar de dentro pra fora é difícil e afastar-se conscientemente desses sentimentos é, na minha opinião, uma das escolhas mais desafiadoras que fazemos ao longo da vida. Porém, mais difícil ainda é, no futuro, ver que você merecia muito mais. Além disso, posso te contar um segredo? O amor mais bonito que você vai conhecer e vivenciar é o de si consigo mesmo. Não há ninguém para quem você deva, ou, como você vai perceber com o tempo, queira se entregar mais intensamente do que para si mesmo.
No fim, acho que continuamos fiéis a nós mesmos, mas com perspectivas diferentes. Ouvir outro lado de você, que não as emoções, também é sabedoria.