Nesta terça-feira, 9, o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), defendeu a atuação da Polícia Militar na abordagem violenta contra adolescentes negros, filhos de embaixadores de Burkina Faso, Canadá e Gabão.
Castro negou que o caso, ocorrido na última semana em Ipanema, na Zona Sul do Rio, tenha sido um episódio de racismo. “O pessoal ficou falando da questão de racismo, mas tinham jovens negros e brancos. Então, se houve algum erro, a Corregedoria está investigando”, afirmou.
O governador afirmou que quanto mais se puder fazer para melhorar a abordagem policial, melhor, mas enfatizou que não irá crucificar seus policiais. Ele também criticou a atuação do Ministério das Relações Exteriores no caso.
“Eles [MRE] preferiram botar nota pública antes de saber o que aconteceu. Acho até que isso é uma coisa que a gente tem que tomar cuidado, porque atacar a polícia antes de saber o que aconteceu é muito fácil”, afirmou em uma solenidade da Polícia Militar
Após o caso vir à tona, o Itamaraty apresentou um pedido formal de desculpas aos embaixadores pela abordagem. Julie-Pascale Moudouté, embaixatriz do Gabão no Brasil, afirmou que espera uma ação da Justiça brasileira.
Na última terça-feira, 3, a abordagem policial foi registrada por câmeras de segurança. As imagens mostram o momento em que uma viatura se aproxima dos adolescentes, e os agentes descem com armas em punho para iniciar a abordagem. Os meninos foram conduzidos para dentro da área cercada do prédio em que estavam entrando.
De acordo com a mãe de um dos jovens brasileiros envolvidos, a abordagem violenta foi direcionada apenas aos meninos estrangeiros negros. Ela relatou que os garotos foram forçados a retirar os casacos e a demonstrar que não estavam carregando nada próximo à região genital.
Ainda de acordo com o relato, os meninos brasileiros, que foram poupados da violência, informaram aos policiais que eram filhos de diplomatas estrangeiros e que não falavam português. Os policiais, então, teriam aconselhado os meninos a não andarem na rua para evitar uma nova abordagem.